segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Pequena grande consumidora

Que o capitalismo é um tsunami que cobre o planeta todo, todo mundo já sabe. Que ele não respeita barreiras econômicas, geográficas, classes sociais e o diabo a quatro (ou de quatro), também não é nenhuma novidade. Mas me dei conta de que não respeita nem mesmo faixa etária e invade a inocência (já perdida) daqueles que não sabem nem ao menos soletrar C-AP-I-T-A-L-I-S-M-O. Estamos começando, cada vez mais cedo, a ensinar aos pequenos o caminho das pedras e, além de treiná-los para serem pequenos tiranos, agora também já incluimos Phd em consumo inconsciente, e nessa as meninas são as que mais são bombardeadas.

Essa semana olhei mais atentamente para um dos sites liberados para a molecada na escola, pelo menos é um dos poucos que eles realmente gostam. De qualquer maneira, o site me questão, o Iguinho.com, me deixou com a pulga atrás da orelha. Ele chama a atenção da criançada, é bem colorido, variado, mas o que me chamou a atenção, foram os canais em que o site esta dividido: Natureza, Zuzumbalândia, Página dos Meninos, Página do Pedro, Página das Meninas...  e foi bem ai que resolvi parar... Deprimente.

Cada canal também tem suas divisões. A página dos meninos, por exemplo, tem jogos de corrida, de esporte, raciocínio etc. A página do Pedro também fica neste estilo. Mas a das meninas... senti voltar nos anos 20, em que a mulher não passava de uma bonequinha, pronta para servir e agradar.


A primeira lista de atividades está intitulada como Jogos de Moda. Fui espiar. Aqui as garotas aprendem a se vestir como pequenas peruas, a se maquiar como adultas e a escolher esmaltes como se fossem a festa do dia das bruxas. Em seguida, Jogos de Culinária, leia-se nas entrelinhas, “seu lugar não é na sala”. E para fechar, com chave de ouro, Jogos de Cuidar... Como assim??? É isso mesmo, aprenda desde cedo que, além de pilotar o fogão, você também cuidará dos filhos sozinha.


Tanto trabalho, tanto sutiã queimado em praça pública... e para quê? Para ver a nova geração, aquela que deveria bater de frente com a supremacia masculina, aprendendo, já na educação básica que ela deve se enfeitar, cozinhar e cuidar??? O mundo está mesmo perdido!
 
Gi Gutierrez

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

De Christine de Pizan à Dilma Rouseff

Tudo começou com a francesa Christine de Pizan, autora do livro "A Cidade das Damas", por volta de 1405. Viúva e mãe de três filhos, ela defendia em seus escritos que meninas deveriam frequentar a escola regular, tal qual os meninos. "Se fosse costume enviar as mocinhas à escola e ensiná-las metodicamente as ciências, como é feito para os rapazes, elas aprenderiam e compreenderiam as dificuldades de todas as artes e de todas as ciências tão bem quanto eles", pregava.
Mais de três séculos depois, Marie Gouze, em plena Revolução Francesa - que pregava liberdade, fraternidade e, tudo o que ela mais desejava, igualdade – adotou o pseudônimo de Olympe de Gouges para assinar suas petições e panfletos e, aos 43 anos, em 1791, escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, que, obviamente, não foi aprovada pela Assembleia Nacional.
Naquela época, mulheres eram consideradas inferiores aos homens e tudo o que podiam fazer era obedecer aos seus pais e esposos, cuidar da casa e dos filhos. A Declaração dos Direitos da Mulher exigia que a elas fossem consideradas livres desde o nascimento, que as distinções sociais fossem baseadas no interesse comum e que direitos - como a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão – dos homens fossem dados a elas.
Olympe foi guilhotinada em 1793, com seus ideais e a desculpa de ser antirrevolucionária e uma mulher ‘desnaturada’.
Muitas outras seguiram seus pensamentos, como a britânica Mary Wollstonecraft, que escreveu e publicou em 1792 a "Reivindicação dos Direitos da Mulher", a brasileira Nísia Floresta, que lançou uma tradução livre para o Português dos escritos de Mary, em 1823, dando-lhe o nome de "Direito dos Homens, Injustiça para as Mulheres" e a argentina Joana Paula Manso de Noronha, que revolucionou a imprensa no Brasil, produzindo, em 1852, o Jornal das Senhoras, primeiro periódico feito para e por mulheres.
Essas e muitas outras mulheres durante os séculos trilharam seus caminhos lutando pelo direito de serem iguais aos seus irmãos. Em 2010, a vitória de Dilma Rouseff na disputa pela presidência foi um marco para as feministas brasileiras, que usam a política como exemplo quando dizem que as mulheres podem chegar mais londe.
 
"O fato de Dilma estar lá, faz com que as mulheres reconheçam que a política e os espaços de decisão são espaços para elas. As mulheres têm direito e capacidade para estarem nesses espaços de decisão tão importantes", defende Sonia Coelho da Organização Feminista Sempre Viva e militante da Marcha Mundial das Mulheres.
Pode-se dizer que o Brasil viva, nesse momento, sob a presidencia de Dilma, o momento mais propício para as mulheres alçarem os patamares que tanto desejam. Avante, mulheres! O mundo é de vocês!
 
Jaqueline Rosa
 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sexo frágil ou sexo forte?


Desde criança ouço as pessoas dizerem que as mulheres são consideras o sexo frágil. Bem, baseando-se na força física, aquela de abrir potes e levantar coisas pesadas, acho que o ditado popular está certo.
Mas com o passar do tempo, passei a observar fatos corriqueiros na minha própria família:
- Minha avó além de preparar o almoço, servia o meu avô enquanto ele permanecia sentado como se ela fosse uma garçonete.
- Minha mãe sempre trabalhou fora. Na noite anterior ela deixava a comida do dia seguinte pronta para mim e para o meu irmão que éramos pequenos , limpava a casa que normalmente se encontrava um pouco suja, e ainda nos contava histórias antes de dormirmos.
Aí, com o tempo, vieram os questionamentos:
“Por que minha mãe faz tudo e nunca reclama?”
“Por que meu avô não se levante e coloca a própria comida no prato?”
“Por que as mulheres trabalham fora, como os homens, e ainda fazem todo o resto sem dizerem que estão cansadas?”
Claro que quando eu perguntava essas coisas para as mulheres citadas acima, elas desconversavam e diziam que era porque isso tudo é serviço de mulher porque os homens não sabiam fazer isso.
Talvez seja porque as mulheres realmente não encarem tudo isso como um desafio ou uma obrigação. É algo natural. Mas aí surgiam mais perguntas:
“Mas o sexo considerado forte só serve para trabalhar?”
“O sexo forte é desprovido de consciência?”
“O sexo forte se cansa assim tão fácil?”
Fui muito mal interpretada, inclusive pelas mulheres, quando eu fazia esses tipos de perguntas, então comecei a perceber que as mulheres (algumas), inconscientemente acham que devem cuidar dos seus homens como se eles fossem bebês. E o pior, alguns deixam serem tratados de tal maneira.
Dizem que as mulheres possuem instinto maternal e tudo mais, mas não concordo com isso. Acho que as mulheres se importam demais com tudo e com todos, com o bem estar dos que as cercam e muitas vezes se esquecem delas mesmas. Deixam-se serem mal tratadas e humilhadas pelos “seus” homens, muitas apanham, são traídas, e aí? Perdoam, sempre perdoam. Algo muito nobre, mas que gera algumas consequências para as próximas mulheres que terão relacionamentos com os homens que elas tanto amaram.
Quero deixar bem claro que amo os homens. Já conheci e conheço homens muitos bons e gentis, inclusive meu avô que gostava de ser servido pela minha avó. Homens que não se encaixam no estereótipo do machão que quer uma esposa para massagear seus pés e lavar suas cuecas. Se eu fosse homem teria vergonha de deixar minha mulher lavar minhas cuecas. Deve ser uma sensação de impotência.
Mas resumindo, no fundo, não culpo os homens ignorantes e machistas que veem as mulheres como bonecas infláveis, ou só nos veem como peitos e bundas ambulantes.  
Creio que para uma convivência harmoniosa, entre qualquer espécie que seja, deve haver primeiramente o amor próprio, pois se amarmos a nós mesmos, ninguém se sentirá no direito de nos maltratar.