quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Riot Grrrl e mulheres na música


    Quem nunca comparou o rock e suas vertentes com o sexo masculino? Todo aquele testosterona do punk, suor e palavrões, bebidas, drogas e claro, as groupies. O mais perto do cenário musical que uma mulher chegava, era transando com os músicos, afinal não éramos levadas a sério. Em que planeta seria possível uma mulher subir no palco com uma guitarra?
    Riot grrrl é um movimento feminista que começou no começo dos anos 90, mais especificamente em 1985, quando Courtney Love, mais conhecida coma a viúva assassina de Kurt Cobain, conheceu  Kat Bjelland, e perceberam que tinham algo em comum: música.     Decidiram então montar uma banda só com garotas, o que para a época era algo novo, e assim nasceu o Sugar Baby Doll.
    Daí pra frente foi só alegria para nós garotas, cansadas do rock machista e de homens achando que caíamos aos seus pés porque eles podiam subir num palco e tocar alguns acordes. Homens e sua autoconfiança em excesso.
    Eu não vivi naquela época obviamente, mas eu tenho a impressão de que muitas das groupies que seguiam os músicos para transar com eles e depois usar drogas de graça, na verdade os estavam espionando.
    Eu acho muito fácil você se achar e ser bom em algo que te dão de mãos beijadas, por exemplo ser o editor chefe de uma revista famosa sendo que você é o filho do dono e  já nasceu com esse cargo. Ou você fazer parte da maior banda do planeta graças a um visionário que te usa como uma marionete para ganhar dinheiro.
    Rock ´n roll mesmo é quebrar barreiras, é dar o primeiro passo para que outros que pensam como você também façam o mesmo. Eu admiro muito essas garotas e toda a rebeldia que elas exalavam. Elas não fizeram sucesso pois não tiveram um super empresário ambicioso as querendo moldar para serem um modelo a ser seguido por uma determinada geração. Mesmo porque imaginem o que seria do mundo se todas as mulheres as tivessem seguido como exemplos. Teria sido um pesadelo para o macho alfa.
    É uma pena que a mídia tenha banido  (ou proibido) bandas de garotas que toquem instrumentos e cantem realmente, em vez de ficarem dançando  enquanto uma voz computadorizada sai pelo microfone.
    Há muito mais para se falar sobre as mulheres na música, mas por enquanto é o que basta. 

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

" Que sabem celibatários sobre as mulheres?"


    A reportagem que eu li esses dias, e deu origem a esse texto e ao seu título, foi uma entrevista feita com a ex-comissária de Direitos Humanos da ONU:
    Essa frase me fez pensar em como a sexualidade FEMININA parece assustar os nossos queridos homenzinhos que compõem o Vaticano. Mas a pergunta que permanece é: POR QUÊ?
    Por que a sexualidade feminina é tão menosprezada aí na Itália? O que vocês têm contra nós? Será que não sentem tesão quando olham uma revista com fotos de mulheres peladas?        E se sentem, acham isso errado? E quem disse que é errado? Por que, desde sempre, vocês transformaram o direito da mulher de sentir prazer durante o ato sexual algo nojento e desprezível? Por que os homens podiam manter relações à força com quais e quantas mulheres quisessem? Por que é normal homens gostarem de sexo, e as mulheres são consideradas promíscuas se também gostam e admitem ?
    Mais uma vez o passado me assombra, e sempre vai.
    Nós, sendo mulheres, não podemos deixar de pensar em como somos reprimidas pela religião predominante. Isso não é justo. Graças a nossa união com os homens é que a raça humana existe. Por que nunca nos fora dado o devido respeito? Nós, que temos um aparelho reprodutor magnífico e tão complexo!
    Vocês, MULHERES, não se perguntam isso? Eu tenho essas perguntas na minha cabeça desde adolescente.
    O Brasil, retirou do texto final da Rio+20 ( por pressão do Vaticano), a expressão “direitos reprodutivos”, que designaria a autonomia da mulher para decidir quando ter filhos.
    Esse direito não deveria nem ser cogitado, já que nós mulheres, assim como os homens, queremos fazer sexo e não engravidar. Todas as mulheres deveriam ter acesso gratuito a anticoncepcionais, sem exceções, e o aborto deveria sim ser legalizado, evitando tantas mortes que ocorrem decorrentes do aborto induzido.
    Sou a favor da legalização do aborto, da liberdade de decisão que todo cidadão deve ter sobre o que fazer da sua vida. Isso não significa que eu seja a favor do aborto em si (nem que eu deva dar explicações sobre isso).
    Eu só gostaria que as MULHERES parassem um pouco de se preocupar com os problemas banais que somos induzidos a nos preocupar, e pensassem nessas questões. Por que nos devotamos a uma entidade que não nos respeita como seres humanos? Que não dá a devida atenção a questões tão importantes para nós, como essas colocadas acima? Qual será o real motivo? Nunca vamos saber.
    Enquanto isso, o que nos resta é usarmos nosso cérebro, para que (mesmo em silêncio) questionemos sobre tudo e todos, e o mais importante é que ninguém pode decidir nossa vida por nós. 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Mulheres na máquina do tempo


    Eu, sendo uma amante de ficção científica mais do que assumida, após ler A Máquina do Tempo do H.G. Wells, me peguei pensando como seria o nosso planeta se as mulheres pudessem voltar no tempo, e comandar a humanidade desde sempre.
    Creio eu, que antes de tudo, o sexo jamais seria considerado um pecado. Desde os tempos mais primórdios o sexo é considerado um tabu, e nós mulheres somos vistas como demônios que conduzem os inocentes homens ao caminho da perdição, como se tivéssemos culpa de ter nascido com uma vagina no meio das pernas e um aparelho reprodutor mais do que maravilhoso. Pergunto-me o que se passava na cabeça dos homens quando resolveram criar esse “pecado” do sexo, sendo que nos estuprávamos sem pudor como se tivéssemos sido criadas para satisfazer seus desejos considerados proibidos por eles mesmos. Só um homem mesmo para conseguir tal proeza.
    Em um mundo moldado pelas mulheres desde sempre, não consigo imaginar religiões que dividem grupos de pessoas e causam guerras. Imagino um respeito mútuo de crenças individuais, e uma adoração da natureza acima de tudo, uma gratidão pelo ar que respiramos e pelos alimentos que nos são dados pela terra, que não geraria tanta destruição, desmatamentos e poluição em nome do dinheiro e do poder. Claro que todas essas modificações feitas na natureza nos são apresentadas como um sacrifício para o desenvolvimento. Fingimos que acreditamos.
    Outro fato triste que eu acho que nós mulheres, por termos instinto maternal ou sei lá o que os homens gostam de dizer que temos, jamais permitiríamos, seriam atos como o da inquisição. Supostas bruxas jamais seriam queimadas, e pessoas nunca seriam enforcadas em lugares públicos.
    Quando penso em um mundo governado por mulheres, penso em um Woodstock eterno, amor livre, aceitação, e um convívio harmonioso entre o feminino e o masculino.
    Mas, como nós mulheres lidamos com um sexo que além de não gostar de ser contrariado, tem a necessidade de provar aos outros o seu poder sobre todos os seres vivos de um planeta que ele considera ser o dono, rapidamente eles se uniriam e começariam um guerra contra nós que nos deixaríamos ser dominadas, porque acreditamos que uma disputa por poder é inútil, já que no final das contas, o que importa é o que possuímos por dentro.
    Esperamos ansiosas pela máquina do tempo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Se acha feminista, mas quer que o homem abra a porta do carro:

 
POSER!
 
 
"O conceito de cavalheirismo não serve pra nada, né? O que é cavalheirismo? Que vergonha! Gentileza, sim. O homem tem que ser gentil com a mulher, a mulher com o homem. Cavalheirismo implica que a mulher é incompetente rpa puxar uma cadeira? Ela malha, segura 10 kilos, mas não consegue puxar uma cadeira ou abrir uma porta? Cavalheirismo é um horror! Precisamos pensar sobre isso, gente! A mulher deve dividir a conta do motel com o homem? Outro dia joguei essa questão para uma amiga. E ela: "Ah, divido restaurante, cinema, mas motel não". E eu, pergunto: "Motel não por quê?". É como se a mulher quisesse os benefícios da emancipação, mas não quisesse os ônus. Então, depois não reclama que ganha menos."
 
Regina Navarro Lins, psicanalista, para a Revista TPM.
 
 
 
(Jaqueline Rosa leu essa na TPM e se indignou de ainda dar valor a esse cavalheirismo tonto do qual, ela entendeu, mulher nenhuma precisa. Viva a gentileza!)

domingo, 14 de outubro de 2012

Amélia que era mulher de verdade

Acho que nunca comentei isso por aqui, e se não falei o faço agora: moro sozinha, ou quase sozinha, dá no mesmo para falar a verdade e no fim nem importa, pois passo a maior parte do tempo fora de casa e quando aqui estou, estou só. E foi nessa história de quase sozinha que percebi algo importantíssimo: não nasci mesmo para essa história de sala, banheiro e cozinha. Não gosto de cozinhar, detesto ter que limpar casa e me deixa deprimida ter que tirar pó dos móveis. Se tem um cômodo com o qual me identifico e gosto muito, é meu quarto, em especial da minha super cama de casal e da minha estante abarrotada de livros. Ali sim estou em casa, se acompanhada melhor ainda!
Mas o que me deixa mais puta da vida, é quando escuto a mulherada falando sobre os tais serviços domésticos e tem sempre aquela que solta: "Ah! Eu adoro passar roupa!!! Lavar não gosto não, mas passar é comigo mesmo!" Eu entro em pânico, não é possível uma coisa dessa. O que me vem a cabeça? Poderia fazer uma lista imensa, mas vejamos os primeiros:
1ª Quem sente prazer com tábua de roupa e um ferro quente, sem trocadilhos, não deve nunca ter provado de orgamos alucinantes, que nem precisam ser múltiplos! Já foi o tempo em que mulher tinha que se contentar com os afazeres domésticos e me contrange amigas casadas, da minha idade, afirmando tais barbáries.
2ª Fico tentada em pedir o endereço dessa cidadã. Assim poderei encaminhar pilhas de roupa para passar que se acumulam dia após dia, aqui ao lado. Confesso que cada vez que olho para elas eu arranjo algo melhor para fazer e elas continuam ali, hora aumentam, hora diminuem, dependendo da distância com o fim de semana.

3º Crie vergonha nessa cara! TER que passar é uma coisa, eu também tenho, mas gostar disso? É o que, algum prazer sádico? Compre um chicote! Ou leia um livro, se masturbe, mas nunca, em nenhuma situação, diga que ama passar roupas, esfregar azulejos ou encerar o chão ajoelhada!

4º Que homem sente tesão por uma mulher com o ferro na mão? Ou será que sente? Oh céus, paradoxo!!! Será que é esse o problema da mulher moderna? Será que os homens fogem porque não encontram em nós a Amélia encarnada?

Será que teremos que sacrificar o esmalte vermelho escarlate em prol de sexo regular, uma pia cheia de louça e um avental florido? Oh não!!!!

Gisele Gutierrez

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Interesseiras


    Nós que somos mulheres, no decorrer de nossas vidas, é inevitável que nunca tenhamos ouvido alguma de nossas amigas (ou nós mesmas) dizerem em horas de brincadeira (ou não) que querem se casar com um homem rico. E esses dias, após ler um texto de um homem dizendo como reconhecer uma mulher interesseira (risadas eternas e altas), fiquei pensando por que as mulheres são as únicas vítimas desses comentários.
    Primeiramente, não condeno nenhuma mulher que se casa por dinheiro, ela pode não ter amor, mas a felicidade superficial lhe basta, e amor muitas vezes vem com o tempo.
    Os homens dizem que por as mulheres serem interesseiras, elas devem ser tratadas como mercadoria. E vocês, deveriam ser tratados como retardados mentais, pois acham sexo mais importante do que tudo. O quão deprimente é isso, homens? E qual o tamanho da burrice de vocês que não sabem distinguir amor de interesse?
    Vocês saem com uma garota, que muitas vezes se interessou por vocês de verdade, e só porque vocês têm um carro (que é uma coisa muito excepcional, nenhuma outra pessoa tem, só você), acabam achando que ela só se interessa pelo o que vocês têm. A autoestima é assim tão baixa? Você é tão podre por dentro e por fora que você não vale nada se não tiver dinheiro? E nós mulheres, somos obrigadas a ouvir brincadeiras de mau gosto vindas de homens problemáticos que não se amam, e pensam que ninguém nunca os poderá amar.
    A verdade é que, quando vejo um homem talvez muito mais velho do que a esposa ou namorada, e eu sei que ele tem bastante dinheiro, eu o admiro por ele não se menosprezar e crer que pode sim, ser amado pelo o que ele é. E tem mais, para a maioria das mulheres, um cara bonitão, com um corpo bonito, alto e tudo mais, não nos interessa se de dentro só sai conversa sobre academia, show sertanejo e festa “VIP”.
    Para mim, e acho que posso falar em nome de muitas outras mulheres, o que chama atenção é a inteligência, humildade e claro, senso de humor.
    Por isso, não podemos tirar o crédito de uma mulher que se casa com um homem bem sucedido, pois ele deve ter milhares de atrativos além do dinheiro (ou não).
    Resumindo, homens, muitas vezes eu tenho pena de vocês, sempre alerta achando que queremos roubar toda a fortuna do seu papai. O que as mulheres querem é um homem a altura, com iniciativa, rápido de raciocínio, querem um companheiro para passarem juntos pelos momentos difíceis, um homem que não deixe tudo nas nossas mãos, culpando sempre o cansaço. Não podemos ser hipócritas, é óbvio que todo mundo, independente do sexo, gosta de conforto. Quem não quer passear pelo Senna comendo um croissant? Quem não quer passar o Natal em Nova York? Quem não quer nunca mais ter que se preocupar com dinheiro? Acho que esse pensamento “consumista” está longe de ser um privilégio somente das mulheres.
    Por isso, homens, por favor, parem com essa ladainha de que não conseguem mulher porque não têm dinheiro. Admita que é porque você deve ser um babaca mesmo e ninguém, nem vocês, gostam de babacas.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Masculinização da mulher



    Esses dias ouvi em um programa de televisão voltado (principalmente) para o público feminino, sobre a masculinização da mulher. Achei esse termo interessante, e a primeira coisa que me veio à cabeça, foi uma mulher de cabelos curtos usando uma camiseta com propaganda política e uma calça jeans dois números maiores do que o que ela realmente usa. Depois, pensei comigo mesma que eu estava fazendo, além de um pré-julgamento machista (porque quem disse que para sermos femininas temos que usar um mini-vestido curto e colado no corpo, um salto-alto enorme, e os peitos pulando para fora do decote?), era um julgamento muito visual e fútil. Não cheguei a ver o fim do programa, mas tirei minhas próprias conclusões.
    As mulheres, ao longo dos anos, lutaram com unhas, dentes e roupas de baixo, para se igualarem aos homens, para terem os mesmos direitos. Por um lado, admiro essas mulheres, porque graças a elas somos respeitadas (pelo menos perante a lei) como seres humanos pensantes com as mesmas capacidades intelectuais dos “homens”. Mas por outro lado, não sei se elas fizeram um bom negócio. Na verdade, não sei se gostaria de ser como os homens. Quando digo homens, digo os homens de muitos anos atrás. Aqueles que só pensavam em guerrear, que cultivavam um ódio sem sentido entre si, que matavam uns aos outros sem nenhuma piedade, que serviam religiosamente a um “deus” que discriminava todas as outras crenças; e faziam todas essas coisas horríveis, enquanto suas esposas ficavam em casa costurando e cuidando dos filhos. Pelo menos isso é o que eles pensavam. Os homens são sempre tão seguros de si com seus empregos importantes e suas conversas importantes, mal sabem o que se passa na cabeça de suas esposas.
    Voltando ao assunto, as mulheres eram consideradas seres inferiores que não entendiam nada de política e muito menos de guerras, sendo assim elas se sentiam excluídas da sociedade. Aí eu me pergunto: Quem, em sã consciência, quer fazer parte de uma sociedade dessas?
    Adiantando um pouco o assunto, as mulheres conseguiram quase tudo o que almejavam: possuem direitos iguais, ganham igual aos homens, trabalham fora o dia todo e por aí vai. Isso tudo seria ótimo se os homens também tivessem mudado o modo de pensar. Vejo as mulheres se sobrecarregando, cuidando de tudo, absolutamente tudo, enquanto os maridos trabalham o dia todo e chegam em casa reclamando que estão cansados. Não estou generalizando, é só um desabafo.
    E para terminar, alguns homens “espertos” como são, acabam tirando proveito dessa situação. Tratam-nos de igual para igual, não fazem nenhuma gentileza. E não, não estou me contradizendo. Todo mundo gosta de ser bem tratado, assim como para se conquistar um homem, a mulher talvez tenha que ser boa de cama, ou boa de conversa, ou sei lá o que os homens gostem, nós mulheres gostamos sim de homens educados, gentis e que pelo menos no primeiro encontro, JAMAIS falem em dividir a conta. É machismo? Pode ser, mas tudo é uma pequena troca de interesses, certo? 

Romance Moderno

Se conheceram online, tão comum e corriqueiro que nem causa mais espanto. Conversaram, combinaram e para o msn migraram. Logo mais se encontraram. Não demorou muito se beijaram, se amaram. Na cama terminaram. E lá se fartaram, o desejo saciaram.

Mas depois de tudo, porém, palavras faltaram para dizer o que realmente pensavam e sobre o sentiam na alma. Se era amor ou apenas paixão, nunca sequer cogitaram, definir o quanto se gostavam.

Então, um dia se afastaram. Tão rápido quanto se uniram, se desligaram. E foram para opostos lados, cada qual guardando consigo o que nunca falaram.
 
 
 
Gisele Gutierrez

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Pequena grande consumidora

Que o capitalismo é um tsunami que cobre o planeta todo, todo mundo já sabe. Que ele não respeita barreiras econômicas, geográficas, classes sociais e o diabo a quatro (ou de quatro), também não é nenhuma novidade. Mas me dei conta de que não respeita nem mesmo faixa etária e invade a inocência (já perdida) daqueles que não sabem nem ao menos soletrar C-AP-I-T-A-L-I-S-M-O. Estamos começando, cada vez mais cedo, a ensinar aos pequenos o caminho das pedras e, além de treiná-los para serem pequenos tiranos, agora também já incluimos Phd em consumo inconsciente, e nessa as meninas são as que mais são bombardeadas.

Essa semana olhei mais atentamente para um dos sites liberados para a molecada na escola, pelo menos é um dos poucos que eles realmente gostam. De qualquer maneira, o site me questão, o Iguinho.com, me deixou com a pulga atrás da orelha. Ele chama a atenção da criançada, é bem colorido, variado, mas o que me chamou a atenção, foram os canais em que o site esta dividido: Natureza, Zuzumbalândia, Página dos Meninos, Página do Pedro, Página das Meninas...  e foi bem ai que resolvi parar... Deprimente.

Cada canal também tem suas divisões. A página dos meninos, por exemplo, tem jogos de corrida, de esporte, raciocínio etc. A página do Pedro também fica neste estilo. Mas a das meninas... senti voltar nos anos 20, em que a mulher não passava de uma bonequinha, pronta para servir e agradar.


A primeira lista de atividades está intitulada como Jogos de Moda. Fui espiar. Aqui as garotas aprendem a se vestir como pequenas peruas, a se maquiar como adultas e a escolher esmaltes como se fossem a festa do dia das bruxas. Em seguida, Jogos de Culinária, leia-se nas entrelinhas, “seu lugar não é na sala”. E para fechar, com chave de ouro, Jogos de Cuidar... Como assim??? É isso mesmo, aprenda desde cedo que, além de pilotar o fogão, você também cuidará dos filhos sozinha.


Tanto trabalho, tanto sutiã queimado em praça pública... e para quê? Para ver a nova geração, aquela que deveria bater de frente com a supremacia masculina, aprendendo, já na educação básica que ela deve se enfeitar, cozinhar e cuidar??? O mundo está mesmo perdido!
 
Gi Gutierrez

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

De Christine de Pizan à Dilma Rouseff

Tudo começou com a francesa Christine de Pizan, autora do livro "A Cidade das Damas", por volta de 1405. Viúva e mãe de três filhos, ela defendia em seus escritos que meninas deveriam frequentar a escola regular, tal qual os meninos. "Se fosse costume enviar as mocinhas à escola e ensiná-las metodicamente as ciências, como é feito para os rapazes, elas aprenderiam e compreenderiam as dificuldades de todas as artes e de todas as ciências tão bem quanto eles", pregava.
Mais de três séculos depois, Marie Gouze, em plena Revolução Francesa - que pregava liberdade, fraternidade e, tudo o que ela mais desejava, igualdade – adotou o pseudônimo de Olympe de Gouges para assinar suas petições e panfletos e, aos 43 anos, em 1791, escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, que, obviamente, não foi aprovada pela Assembleia Nacional.
Naquela época, mulheres eram consideradas inferiores aos homens e tudo o que podiam fazer era obedecer aos seus pais e esposos, cuidar da casa e dos filhos. A Declaração dos Direitos da Mulher exigia que a elas fossem consideradas livres desde o nascimento, que as distinções sociais fossem baseadas no interesse comum e que direitos - como a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão – dos homens fossem dados a elas.
Olympe foi guilhotinada em 1793, com seus ideais e a desculpa de ser antirrevolucionária e uma mulher ‘desnaturada’.
Muitas outras seguiram seus pensamentos, como a britânica Mary Wollstonecraft, que escreveu e publicou em 1792 a "Reivindicação dos Direitos da Mulher", a brasileira Nísia Floresta, que lançou uma tradução livre para o Português dos escritos de Mary, em 1823, dando-lhe o nome de "Direito dos Homens, Injustiça para as Mulheres" e a argentina Joana Paula Manso de Noronha, que revolucionou a imprensa no Brasil, produzindo, em 1852, o Jornal das Senhoras, primeiro periódico feito para e por mulheres.
Essas e muitas outras mulheres durante os séculos trilharam seus caminhos lutando pelo direito de serem iguais aos seus irmãos. Em 2010, a vitória de Dilma Rouseff na disputa pela presidência foi um marco para as feministas brasileiras, que usam a política como exemplo quando dizem que as mulheres podem chegar mais londe.
 
"O fato de Dilma estar lá, faz com que as mulheres reconheçam que a política e os espaços de decisão são espaços para elas. As mulheres têm direito e capacidade para estarem nesses espaços de decisão tão importantes", defende Sonia Coelho da Organização Feminista Sempre Viva e militante da Marcha Mundial das Mulheres.
Pode-se dizer que o Brasil viva, nesse momento, sob a presidencia de Dilma, o momento mais propício para as mulheres alçarem os patamares que tanto desejam. Avante, mulheres! O mundo é de vocês!
 
Jaqueline Rosa
 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sexo frágil ou sexo forte?


Desde criança ouço as pessoas dizerem que as mulheres são consideras o sexo frágil. Bem, baseando-se na força física, aquela de abrir potes e levantar coisas pesadas, acho que o ditado popular está certo.
Mas com o passar do tempo, passei a observar fatos corriqueiros na minha própria família:
- Minha avó além de preparar o almoço, servia o meu avô enquanto ele permanecia sentado como se ela fosse uma garçonete.
- Minha mãe sempre trabalhou fora. Na noite anterior ela deixava a comida do dia seguinte pronta para mim e para o meu irmão que éramos pequenos , limpava a casa que normalmente se encontrava um pouco suja, e ainda nos contava histórias antes de dormirmos.
Aí, com o tempo, vieram os questionamentos:
“Por que minha mãe faz tudo e nunca reclama?”
“Por que meu avô não se levante e coloca a própria comida no prato?”
“Por que as mulheres trabalham fora, como os homens, e ainda fazem todo o resto sem dizerem que estão cansadas?”
Claro que quando eu perguntava essas coisas para as mulheres citadas acima, elas desconversavam e diziam que era porque isso tudo é serviço de mulher porque os homens não sabiam fazer isso.
Talvez seja porque as mulheres realmente não encarem tudo isso como um desafio ou uma obrigação. É algo natural. Mas aí surgiam mais perguntas:
“Mas o sexo considerado forte só serve para trabalhar?”
“O sexo forte é desprovido de consciência?”
“O sexo forte se cansa assim tão fácil?”
Fui muito mal interpretada, inclusive pelas mulheres, quando eu fazia esses tipos de perguntas, então comecei a perceber que as mulheres (algumas), inconscientemente acham que devem cuidar dos seus homens como se eles fossem bebês. E o pior, alguns deixam serem tratados de tal maneira.
Dizem que as mulheres possuem instinto maternal e tudo mais, mas não concordo com isso. Acho que as mulheres se importam demais com tudo e com todos, com o bem estar dos que as cercam e muitas vezes se esquecem delas mesmas. Deixam-se serem mal tratadas e humilhadas pelos “seus” homens, muitas apanham, são traídas, e aí? Perdoam, sempre perdoam. Algo muito nobre, mas que gera algumas consequências para as próximas mulheres que terão relacionamentos com os homens que elas tanto amaram.
Quero deixar bem claro que amo os homens. Já conheci e conheço homens muitos bons e gentis, inclusive meu avô que gostava de ser servido pela minha avó. Homens que não se encaixam no estereótipo do machão que quer uma esposa para massagear seus pés e lavar suas cuecas. Se eu fosse homem teria vergonha de deixar minha mulher lavar minhas cuecas. Deve ser uma sensação de impotência.
Mas resumindo, no fundo, não culpo os homens ignorantes e machistas que veem as mulheres como bonecas infláveis, ou só nos veem como peitos e bundas ambulantes.  
Creio que para uma convivência harmoniosa, entre qualquer espécie que seja, deve haver primeiramente o amor próprio, pois se amarmos a nós mesmos, ninguém se sentirá no direito de nos maltratar.